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São Miguel dos Milagres x São Miguel do Gostoso: qual sua praia preferida?

Por PAULO CAMPOS| PAULOCAMPOS@OTEMPO.COM.BR18/06/19 – 03h00

São dois Miguéis, um no litoral de Alagoas, a uma hora e meia de Maceió; outro na costa oeste do Rio Grande do Norte, a uma hora e 40 minutos de Natal. Iguais e diferentes entre si, São Miguel dos Milagres e São Miguel do Gostoso têm muito em comum: praias intocadas, uma vila de pescadores, tranquilidade de sobra, gente hospitaleira. Também não sucumbiram ao turismo de massa, como aconteceu com a baiana Porto Seguro e a pernambucana Porto de Galinhas.

Se o padroeiro praticamente não muda, não se pode dizer a mesma coisa do DNA. São Miguel dos Milagres está na Rota Ecológica, no meio do caminho entre as capitais alagoana e pernambucana; São Miguel do Gostoso, quase na esquininha do Brasil, no lugar onde “o vento faz a curva”, como costumam dizer os potiguares. O que separa os dois Miguéis é exatamente esse vento que espalhou a fama da cidade pelo mundo afora.PUBLICIDADE

Outra diferença é visível no mar: São Miguel dos Milagres está salpicado de barquinhos coloridos de pescadores; São Miguel do Gostoso, do colorido das pipas de kitesurf. O primeiro tem um mar tranquilo, da cor daquele do Caribe; o segundo tem águas escuras, ondas fortes. As piscinas naturais de Milagres, que os locais enchem a boca para falar que são melhores do que as de Pajuçara e Maragogi, não estão lá, mas sim em Maxaranguape, a 72 km de distância. Ou seja, as primeiras impressões revelam que os dois Miguéis são mais diferentes do que se supõe.

Turistas

O público também chama a atenção: a praia alagoana é o oásis de casais desde os anos 90 por causa de uma pousada, a do Toque. De lá para cá, essa faixa de litoral virou uma mina de meios de hospedagem charmosos. No trecho de praia potiguar, o boom imobiliário começou em 2015, com a instalação de pousadas e condomínios. Na cidade, ainda, a agricultura, a pesca e o artesanato em labirinto – forças motoras da economia local – migraram rapidamente para os serviços turísticos e para a energia eólica a partir de 2000.

“Antes você conhecia os turistas, conhecia até pelo nome; hoje em dia não tem como identificar quem são”, registram os historiadores Esdras Matheus Matias e Aline Vieira de Carvalho em seu estudo sobre as mudanças socioculturais provocada pelo turismo em São Miguel do Gostoso.

Se os primeiros turistas eram pessoas que buscavam refúgio, isolamento e tranquilidade, os viajantes de hoje são estrangeiros e praticantes de esportes náuticos.

Com tanta vocação turística, infelizmente, São Miguel dos Milagres e São Miguel do Gostoso ainda são vendidos por receptivos como bate e volta a partir de suas respectivas capitais, Maceió e Natal.

Milagres: a origem

Cura. Uma das mais antigas cidades de Alagoas ganhou esse nome depois que um pescador, então doente, encontrou em uma praia um pedaço de madeira coberto de musgos e algas e decidiu guardá-lo em sua casa. Ao limpar a peça, ele reconheceu a imagem de são Miguel Arcanjo. O pescador tinha uma ferida na perna, que se curou assim que ele acabou de recuperar a imagem. A notícia se espalhou pela região, e o lugar – que até então se chamava Freguesia Nossa Senhora Mãe do Povo – passou a ser conhecido como São Miguel dos Milagres.

Gostoso: a origem

Causo. A placa na entrada da cidade já anuncia: “Aqui se faz gostoso”. A promessa se cumpre nas primeiras horas, quando se descobrem as belezas do vilarejo. O nome vem da tradição oral local. São Miguel do Gostoso foi fundada no dia de são Miguel, 29/9. A história contada de geração em geração é que um morador hospedava viajantes em sua casa e os divertia com seus causos, marcados por sonoras gargalhadas. O ilustre habitante fez fama na região como Sr. Gostoso e emprestou a tal alcunha ao povoado.

Barulho só na virada do ano

De 26 de dezembro a 1º de janeiro, Milagres e Gostoso triplicam a população. Os dois povoados estão hoje entre os dez melhores réveillons do Brasil. A festa em Milagres já é badaladíssima – no ano passado, contou com quatro espaços e as presenças do DJ Vintage Culture, da banda Eva e do DJ Dennis.

Em Gostoso, são quatro grandes festas à noite, sem contar as baladas pé de areia durante o dia. O destino potiguar já recebeu nomes como o alemão Fatboy Slim e o holandês Sam Feldt.

Tudo nos dois réveillons é grandioso. A maratona de festas tem início antes da virada do ano e se estende até o início de janeiro, com shows, open bar e queima de fogos.

O combo com seis festas e open bar para a virada em Gostoso começou a ser vendido pelo site reveillondogostoso.com.br e custa R$ 2.700 (feminino) e R$ 3.200 (masculino), mas a programação de shows não foi divulgada. Para o Réveillon dos Milagres, serão cinco dias de eventos com DJ Vintage Culture (dia 27), banda Borogodó (dia 28), DJ Dennis (dia 29), o selo Corona Sunset (dia 30) e a festa da virada (31). O combo para as cinco festas custa R$ 3.990 e pode ser adquirido no site reveillondosmilagres.com.br. Há, ainda, opções de minicombo e ingressos avulsos.