Carlos Brandão – O Tributo do NEPAM e de seu Doutorado

 

 

“Há pessoas inesquecíveis e para isso não há cura.” (Charles Bukowski).

Uma dessas pessoas, sem sombra de dúvida, é o professor Carlos Rodrigues Brandão.

O NEPAM, como muitos que com ele conviveram, deve-lhe muito.

Muito além da educação, ensinou-nos a importância da convivencialidade. Como bom antropólogo acreditava no diálogo entre sujeitos, iguais em suas especificidades. Ciência é diálogo entre conhecimentos. Muito antes da moda atual, sabia e era ativista pela co-autoria entre diferentes conhecimentos como forma de avanço em direção à realidade complexa que queremos tanto compreender. Com sua erudição fantástica, relacionava-se com o outro com modéstia e carinho. Escreveu muito sobre a auteridade na antropologia social.

Assim participou intensamente da formação Doutorado em Ambiente e Sociedade, mas como defendia a ciência humanista, de nós se afastou, achava-nos muito cientificistas. Com razão, mas assim escolhemos e por esse caminho trilhamos.

No entanto deixou-nos muitas de suas marcas. Impossível nomear todas. O contato intenso com os métodos da etnografia influenciou alunos e professores de todas as áreas que compõem o Nepam e o Doutorado, sejam cientistas sociais, sejam ecólogos humanos ou antropólogos culturalistas, alunos em quase sua totalidade.

O compromisso com os sujeitos da pesquisa tem sua alma por trás. A Disciplina Seminário de Tese, quando foi proposta por mim e por Carlos Joly foi concebida como se fosse redigida a seis mão, até na importância da atividade concentrada, estimulando exercícios para provocar os alunos correr o risco da inovação que significa o trabalho em equipe como a melhor forma para se pesquisar a realidade ambiental e a emergência provocada pelo antropoceno.

Não há outra maneira de agradecermos ao Carlos Brandão, a não ser comemorando a vida. À família e aos amigos próximos compartilhamos nosso forte e solidário abraço.