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Evento reuniu grandes pesquisadores da ecologia para discutir tempos de crise

Profa. Simone Vieira do NEPAM (direita) e a aluna de doutorado Yvonne Bakker (IB/Unicamp) na organização do evento (Foto: Alessandra Marimon)

 

Por Alessandra Marimon

O NEPAM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais) esteve presente como um dos realizadores da 2ª Rabeco (Reuniões da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação) & SET (Simpósios de Ecologia Teórica), entre os dias 19 a 22 de agosto, no Centro de Convenções da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Com o tema “Ecologia em tempos de crise: como ser relevante?”, o evento reuniu grandes pesquisadores da ecologia brasileira e mundial. A professora do programa de doutorado em Ambiente e Sociedade, Simone Vieira, estava entre os organizadores.

Foram abordados diversos temas de interesse público, gerando debates, trocas de experiências e discussões relevantes ao atual contexto de crise socioambiental em que vivemos. O objetivo foi justamente pensar soluções urgentes para problemas contemporâneos relacionados à conservação, biodiversidade, mudanças climáticas e políticas públicas. A programação contou com dois debates, sete conferências e quinze simpósios com três palestras cada, além de um pré-evento composto por dois workshops e um diálogo entre cientistas e jornalistas.

Entre os conferencistas estavam as cientistas Robin Chazdon (University of Connecticut), Susan Trumbore (Max Planck Institute for Biogeochemistry) e Maria Carmen Lemos (University of Michigan); e os pesquisadores Emmett Duffy (Smithsonian Institute), Jean Paul Metzger (USP), Wolfgang Weisser (Tech. Univ. München) e William Sutherland (Univ. of Cambridge).

Ecologia e conservação em tempos de crise socioambiental

Em entrevista à equipe da Rabeco, o presidente do congresso e professor do Instituto de Biologia (IB/Unicamp), Thomas Lewinsohn, explicou que o evento teve como proposta discutir desde as crises ambientais da atualidade, como as mudanças climáticas, até as crises de financiamento que têm afetado o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. “A ciência ecológica não é milagreira, mas ela oferece condições de compreender melhor a natureza dessas crises. Na ecologia, temos prática em investigar a relação entre fenômenos que podem parecer problemas isolados, mas que exigem soluções interconectadas”.

A professora Simone Vieira acredita que a relevância da participação do NEPAM em um evento como esse se dá por conta da interface entre “ambiente e sociedade” e da importância em unir as questões sociais com a área da ecologia. “O NEPAM tem esse caráter interdisciplinar e eu busquei trazer isso para o evento. Embora eu trabalhe muito dentro da ecologia mais básica, com funcionamento de ecossistemas, eu procurei dar visibilidade ao ser humano inserido nesse contexto”.

Além disso, o tema da conservação tem sido cada vez mais abordado dentro da ecologia. “A ABECO é uma associação de ecologia e conservação, então as reuniões não podem deixar de lado a figura da sociedade, que também é diretamente impactada por questões relacionadas à conservação. E eu pude observar a presença de várias pessoas que trabalham com questões de ambiente e sociedade, que são cientistas sociais, e estavam presentes no evento. Pra gente isso foi bastante gratificante”, opina Simone.

Como ser relevante?

A pesquisadora do NEPAM considera que a resposta à pergunta, que dá nome ao evento, é difícil de ser respondida por conta da sua complexidade. “A gente ficou debatendo esse tema o tempo todo aqui na reunião. Mas eu acho que, para ser relevante, é preciso que existam trabalhos em cooperação, porque eles aumentam a relevância do que a gente faz; e também trabalhos que respondam aos anseios da sociedade”.

Simone conclui que a necessidade de se buscar soluções tornou-se urgente. “Eu acho que a gente pode estar muito próximo de um ponto de inflexão que as coisas podem mudar muito abruptamente, então é preciso estar atento”.

Mulheres na ecologia

A participação das mulheres na pesquisa científica tem crescido em todo o mundo, de acordo com dados da Elsevier e Unesco. E uma das maiores preocupações da comissão organizadora foi que houvesse um balanço de gênero no evento. “Buscamos trazer mulheres que têm muita relevância na sua área de pesquisa para estar aqui”, afirma a pesquisadora do NEPAM.

No entanto, Simone reconhece que ainda há um longo caminho a se percorrer para que mais mulheres sejam inseridas em espaços dentro da ciência, principalmente na ecologia. “Nós ainda temos muito mais homens em posições-chave do que mulheres. Na ciência ecológica, de uma maneira geral, temos muito mais mulheres no início da carreira, fazendo mestrado ou doutorado e isso vai se afunilando no momento em que as posições vão subindo, ficando cada vez menor a participação das mulheres. Então é preciso mostrar às meninas e mulheres que estão começando agora que é possível chegar ao topo”, conclui.

2ª Rabeco & 6º SET

O evento foi realizado pela Abeco em parceria com o IB e o Nepam. Entre os apoiadores estão: Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Instituto Serrapilheira, INCT EECBio (Instituto Nacional de Ciência & Tecnologia em Ecologia Evolução Conservação da Biodiversidade) e Fundação Grupo Boticário.